Novembro 23, 2021

Visão dupla ou diplopia – o que é?

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Médico Oftalmologista: Andreia Soares

A visão dupla, a chamada diplopia, acontece quando vemos duas imagens do mesmo objeto. O problema não deve ser desvalorizado e a oftalmologista Andreia Soares aconselha a marcar consulta se tiver estes sintomas:

Normalmente, as pessoas descrevem como visão duplicada ou então uma imagem fantasma. De um grosso modo, a diplopia pode ser monocular ou binocular. A primeira acontece quando temos um problema no olho e a diplopia permanece na mesma ocluindo o olho não afetado. A diplopia binocular ocorre com os dois olhos abertos e desaparece ocluindo qualquer um dos olhos. 

A diplopia binocular é sempre mais preocupante do que a diplopia monocular. A diplopia monocular geralmente está associada a doenças oculares, ou seja doenças que envolvem as diferentes estruturas oculares como a córnea, o cristalino ou a retina. A córnea funciona como uma janela transparente que nos permite ver; quando se encontra danificada, podemos ver dupla imagem. Essa situação pode acontecer em caso de olho seco, alterações da forma da córnea que acontece no queratocone, infeções entre outras.

O cristalino funciona como a nossa lente natural que nos ajuda a focar as imagens na retina e, qualquer patologia que o afete, como por exemplo a catarata, pode fazer com que exista a diplopia.

A diplopia binocular pode envolver alterações nos músculos extraoculares, nos nervos que transmitem a informação desde o cérebro até ao olho, ou então mesmo no cérebro. Os músculos extraoculares são responsáveis pelo controlo do movimento ocular, permitindo o alinhamento binocular.

Quando existe fraqueza em algum dos músculos, esse não vai atuar sincronizadamente com o músculo do outro olho e essa situação pode levar então à diplopia. 

A doença de Graves e a Miastenia Gravis são exemplos de doenças que podem levar a alterações musculares. Os nervos permitem a condução da informação do cérebro ao olho. Doenças, como por exemplo, a esclerose múltipla e a diabetes mellitus podem estar associadas a danos neurológicos conduzindo à diplopia. 

Os nervos que conduzem a informação ao olho partem do cérebro. Doenças que envolvem o cérebro como AVC, tumores cerebrais, aneurismas ou enxaquecas podem levar à diplopia. A diplopia binocular também pode estar associada à descompensação de um estrabismo prévio. Podemos classificar ainda a diplopia como horizontal – onde a imagem surge ao lado uma da outra, ou vertical – surgindo uma imagem por cima da outra.

Pode ainda estar associada outros sinais ou sintomas como alterações da pupila, cefaleias, dor ocular, fotofobia ou diminuição da visão. O tratamento depende sempre da causa subjacente e pode incluir cirurgia ou ainda a utilização de prismas nos óculos.

Amanhã falamos sobre pupilas de tamanho diferente.

Com o apoio da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia.