Outubro 13, 2021
Numa altura em que falamos tanto sobre vírus, hoje damos o exemplo de como estes micro-organismos podem ajudar no tratamento de doenças da retina. Parece mentira, mas o oftalmologista João Pedro Marques explica que este processo é já uma realidade em Portugal:
Apesar de parecer ficção científica, a verdade é que estamos perante uma realidade que já é efetivamente realizada, nomeadamente em Portugal. Como é que isto se processa? Os vírus vão funcionar como um vetor, como um veículo que vai transmitir a informação genética para as células da retina que não estão a produzir de uma forma correta os genes necessários para que o ciclo visual funcione, e, portanto, através de um vírus nós conseguimos que esta mesma informação genética chegue às células da retina. Há um exemplo muito prático, que é uma doença genética que causa cegueira: esta doença é causada por alterações no gene RPE 65, que é um gene muito importante para o ciclo visual e que, quando o gene não está a funcionar corretamente, a proteína não é produzida e, como tal, as pessoas têm grandes dificuldades.
Através da terapêutica – chama-se terapia génica – nós vamos fazer com que os genes terapêuticos, que são veiculados dentro do vírus, cheguem à retina após uma cirurgia e passem a atuar na retina da pessoa afetada. Desta forma, conseguimos que o ciclo visual volte a funcionar e que a pessoa ganhe alguma função visual.
Para além desta doença, este tipo de tratamento também já está a ser estudado para outras doenças da retina, embora ainda não tenha aplicabilidade no dia a dia.
No programa de amanhã ficamos a saber mais sobre uma doença degenerativa na área central da retina.
Com o apoio da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia.