Novembro 24, 2021

As minhas pupilas não são iguais – devo ficar preocupado?

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Médico Oftalmologista: Pedro Fonseca

Na maioria dos casos ter as pupilas com tamanho diferente não é um problema mas pode, por vezes, ser o primeiro sinal de uma doença grave. O oftalmologista Pedro Fonseca afirma que o melhor é marcar consulta:

Antes de mais, convém explicar que as pupilas servem para controlar a entrada de luz no olho de forma a possibilitar a visão mas, por outro lado, também de forma a evitar a sobre-exposição da retina ao excesso de luz. Também é importante dizer que quase ninguém tem as pupilas exatamente iguais, se forem medidos os diâmetros com rigor, à décima de milímetro.

Na verdade, quando nos referimos à anisocoria – que é a diferença de diâmetro entre as pupilas – estamos a falar de pessoas em que a diferença de diâmetro é suficiente para ser visível a olho nu. Na prática, são mais ou menos diferenças superiores a 0.4 milímetros e frequentemente a própria pessoa nem se apercebe que tem anisocoria: são os seus familiares ou amigos quem chama à atenção ou às vezes o diagnóstico é feito de forma acidental numa consulta de rotina de oftalmologia.

A maioria das pessoas pode ter anisocoria e não ter problema nenhum associado. Aliás, estima-se aproximadamente que 1 em cada 5 pessoas tenham este tipo de anisocoria chamada de fisiológica, que é a causa mais frequentemente de anisocoria. Às vezes, a anisocoria pode ser sinal de uma doença e essas doenças podem ser muito variadas. Podem ser doenças do próprio olho mas podem também ser doenças do sistema nervoso central e algumas dessas doenças podem inclusivamente ser mortais se não forem diagnosticadas a tempo. 

As causas potencialmente graves da anisocoria causam geralmente outros sinais e sintomas, nomeadamente ter a pálpebra descaída, visão dupla, dores oculares e cefaleias. Qualquer pessoa que tenha estes sinais e sintomas deve procurar imediatamente um oftalmologista. Na consulta de oftalmologia o que nós fazemos é examinar as pupilas, e excluir a existência de patologias do olho que possam estar a causar a anisocoria. De seguida confirmamos se as pupilas reagem normalmente à luz, e se existem outros sinais associados, nomeadamente ptose e alterações dos movimentos dos olhos.

Por vezes, pode ainda ser necessário fazermos testes com certos tipos de fármacos em gotas para chegar ao diagnóstico. No geral, não é necessário tratamento para a anisocoria porque não afeta a visão por si só. Dependendo da causa da anisocoria, pode ser necessário tratar a doença de base.

Amanhã vamos perceber a relação dos olhos com a esclerose múltipla.

Com o apoio da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia.