Abril 23, 2021
O que é?
O Queratocone é uma doença da córnea que consiste na alteração da sua forma e adelgaçamento progressivo. Em fases mais avançadas da doença, a córnea pode adquirir a forma de cone.
É uma doença bilateral embora assimétrica e aparece nos jovens, podendo evoluir até aos 40 anos. Está associada a atopia e doenças do colagénio entre outras.
As alterações estruturais da córnea produzem um astigmatismo irregular que diminui a qualidade da visão mesmo com óculos ou lentes de contacto. Pode também ocorrer distorção da imagem e visão dupla.
Para além do Queratocone, existem outras doenças, mais raras, que também cursam com alteração do padrão normal da conformação da córnea e seu adelgaçamento. São exemplos a Degenerescência Marginal Pelúcida e a Queratoglobo. A este grupo de doenças chamamos Ectasias Corneanas.
Quais os tratamentos disponíveis?
O objectivo do tratamento do Queratocone, ou de qualquer outra ectasia, é a melhoria da visão.
Como primeira linha temos os óculos ou as lentes de contacto, mas que numa fase avançada poderão ser insuficientes.
Nos casos em que existe progressão do queratocone, e desde que a transparência da córnea esteja mantida e que a visão seja satisfatória, é possível optar pelo tratamento Crosslinking, um procedimento em que são aplicadas vitamina B2 e luz UV. Tem como objectivo aumentar a resistência mecânica da córnea, e desta forma impedir a progessão da doença.
Nos casos em que a visão não é corrigível com óculos, ou que exista intolerância ao uso de lentes de contacto, é necessário recorrer a cirurgia. Para estas situações a cirurgia mais indicada, desde que a córnea tenha transparência adequada, é a implantação de anéis intra-estromais. Esses anéis são segmentos semicirculares que são introduzidos em túneis feitos na espessura da córnea. O objectivo desta cirurgia é de uniformizar a conformação da córnea.
O transplante de córnea (queratoplastia) é uma opção quando o Queratocone é muito avançado ou a córnea tenha uma transparência inadequada. Até há alguns anos, a queratoplastia que se fazia era a penetrante, ou seja, todas as camadas da córnea eram substituídas. Mais recentemente, foram desenvolvidos métodos para transplantar somente as camadas superficiais doentes, permitindo preservar as camadas mais profundas e saudáveis, e por isso diminuindo o risco de falência.
Por Dr Ramiro Salgado,Dr. Miguel Gomes, Dr. Nuno F. Alves, Dra. Teresa Pacheco, Dr. Tiago Ferreira