Novembro 22, 2021
A uveíte pode causar dor intensa no olho e a oftalmologista Cristina Fonseca explica como se trata esta infeção:
O tratamento das uveítes visa eliminar a inflamação, aliviar a dor e prevenir o dano dos tecidos, de forma a evitar a perda de visão. Os tratamentos dependem do tipo de uveíte presente e da sua causa. Portanto, se a causa for infecciosa, o tratamento tem de ser dirigido ao agente que é responsável usando antibióticos, antivíricos, antifúngicos, em possível associação com outros fármacos que controlem a inflamação. Se a causa for presumidamente autoimune, a base do tratamento é a utilização dos corticóides numa primeira fase, para eliminar a inflamação, podendo estes ser administrados por via tópica, regional ou sistémica. Mas a utilização prolongada destes fármacos pode encadear efeitos secundários, que são potencialmente severos, pelo que se deve associar ou substituir por medicação imunossupressora adequada.
Outra situação importante, e às vezes salta a questão, é se têm tratamento cirúrgico. As inflamações por si mesmas não têm um tratamento cirúrgico, embora a utilização de tratamentos locais possa necessitar de um pequeno procedimento cirúrgico, nomeadamente a injeção local de corticóides.
No entanto, o que pode ter tratamento cirúrgico, são as complicações que advêm da inflamação como por exemplo as cataratas ou a hipertensão ocular, que podem necessitar de cirurgia para a resolução.
Essas cirurgias são um pouquinho mais complexas do que as habituais mais rotineiras, uma vez que é necessário o controlo prévio e concomitante da inflamação para que possam ser realizadas em segurança. Além disso tudo, a utilização da medicação sistémica e mesmo o controlo prévio à cirurgia desta inflamação, pode encadear efeitos secundários severos. Portanto, a utilização destes fármacos implica uma monitorização muito importante dos efeitos secundários e da patologia de base de cada doente.
É muito importante nestes doentes, termos uma colaboração muito estreita com outras especialidades médicas, nomeadamente a infecciologia, a medicina interna e a reumatologia – pelo que esta colaboração e a criação destas equipas multidisciplinares, é fundamental para o seguimento correto e atualizado destes doentes com uveíte.
No programa de amanhã falamos sobre visão dupla.
Com o apoio da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia.