Dezembro 3, 2021

Cálculo de capacidades formativas em oftalmologia

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Médico Oftalmologista: Augusto Magalhães

Hoje falamos sobre o cálculo das capacidades formativas na especialidade de Oftalmologia, e o oftalmologista Augusto Magalhães começa por explicar que a função visual é muito mais do que a saúde ocular:

Por um lado, a função visual é, em grande parte, uma competência cerebral. E por outro lado, uma disfunção visual é frequentemente uma manifestação de uma doença sistémica que só pode ser entendida por quem tem formação médica. 

É, portanto, muito fácil de entender, que os oftalmologistas são o pilar estrutural dos cuidados da saúde visual, sejam esses cuidados médicos ou cirúrgicos. E é por isso que a Ordem dos Médicos, e o Colégio de Oftalmologia em particular, têm critérios de grande rigor na formação da especialidade em oftalmologia, de forma a garantir uma elevada qualidade dos oftalmologistas em Portugal.

Em primeiro lugar, é preciso dizer que nem todos os serviços são competentes para fazer formação em oftalmologia. Para terem essa competência, os serviços de oftalmologia têm de preencher alguns requisitos específicos de carácter científico, técnico e tecnológico, e também de carácter organizacional, que estão muito bem definidos pela Ordem dos Médicos.

No cálculo das capacidades formativas, o parâmetro a que damos mais valor, o mais importante, é o número de médicos especialistas que cada serviço tem. São esses especialistas médicos que emprestam saber, que emprestam ciência, e que emprestam experiência clinica, que são necessárias para ensinar aos mais novos de forma consistente e estruturada. Os médicos especialistas são necessariamente o suporte de uma aprendizagem e de uma formação adequadas.

Suprir a falta de especialistas por interno é, em nosso entender, um erro grosseiro e diminui a qualidade dos cuidados de saúde prestados e diminui a qualidade da aprendizagem com consequências nefastas a médio e longo prazo.

O segundo parâmetro que utilizamos no cálculo das capacidades formativas é a atividade assistencial médica e cirúrgica de cada serviço. Também esta atividade está relacionada com o número de especialistas porque quanto mais especialistas, mais movimento e maior diversidade de doentes, de doenças e de técnicas de diagnóstico e tratamento. E é essa diversidade que permite aos médicos internos aprender mais e melhor.

E em terceiro lugar, no cálculo das capacidades formativas, valorizamos outros aspetos que vão para além da aprendizagem, das competências estritamente clinicas, e que incluem parâmetros a que os internos devem, em nosso entender, ter acesso para que possam também desenvolver técnicas e capacidades de investigação, de inovação, de organização e de liderança. 

Finalmente, é importante sublinhar que todo este processo é monitorizado de forma contínua pelo Colégio de forma a garantir a qualidade da formação e a garantir a qualidade nos cuidados de saúde prestados aos cidadãos. E é com base neste rigor, que ano após ano, os oftalmologistas portugueses têm obtido as melhores classificações nas provas europeias de certificação organizadas pelo European Board of Ophthalmology.

À conversa com o seu médico oftalmologista está disponível no site da TSF.

Com o apoio da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia.